domingo, 20 de junho de 2010

Imagens da guerra


Uma das características mais importantes da Guerra do Vietnã foi a sua divulgação. Até então, a imprensa nunca havia estado tão perto dos campos de batalha, dos soldados, dos bombardeios e da destruíção provocada pelo confronto. Estas são apenas algumas das inúmeras imagens registradas pelos fotógrafos da época. Destacamos,porém, duas delas, como as mais emblemáticas e também por fazerem parte de um dos filmes que trata desta guerra, o documentário “Corações e Mentes”, de 1974,de Peter Davis.
Tais imagens são a da menina correndo nua após um bombardeio de napalm e a outra é a do tiro dado por um soldado na cabeça de um vietnamita, ambas as cenas, além de fotografadas foram filmadas e exibidas para os Estados Unidos ao vivo. A brutalidade dos ataques à população civil do Vietnã ficou muito clara através de tais imagens. A presença do jornalista no front é inegável.
As demais imagens também têm sua relevância,pois apresentam os contrastes desse conflito. A foto que mostra umsoldado norte-americano observando uma mãe vietnamita com o filho nos braços pode ser lida como o olhar humano desse soldado. É claro que não se pode apagar as atrocidades cometidas por eles, porém, sabemos que muitos deles não tinham a dimensão de seus atos, agindo em prol da nação norte-americana.
Uma das imagens coloridas é o registro do Massacre de My lay, o maior massacre de civis ocorrido durante a Guerra do Vietnã, em 1968. Muitas dessas vítimas foram estupradas,torturadas e espancadas,além de haver alguns corpos mutilados. O ataque ocorreu pois o exército norte-americano acreditava que naquela região havia guerrilheiros da FNL (Frente Nacional de Libertação do Vietnã) escondidos.
Na edição de 2 de Junho de 2008, o jornal “El País” publicou as palavras de Ha Thi Quy, sobrevivente do massacre,com 83 anos em 2008:
"Eram muitos soldados, aproximaram-se da casa atirando nas galinhas e os patos. Matavam tudo o que viam. Sentimos um medo atroz. Na casa, estávamos minha mãe, minha filha de 16 anos, meu filho de seis e eu, que estava grávida. Apontaram suas armas para nós e pediram que saíssemos e fôssemos até o açude. (...) Havia muita gente no açude. Empurraram-nos para dentro dele a coronhadas. Juntávamos as mãos e implorávamos para que não nos matassem, mas eles começaram a disparar. Senti como se as balas me mordessem nas costas e na perna, vi como elas arrancaram metade do rosto de minha filha, e então desmaiei. O frio me devolveu a consciência. Meu filho pequeno jazia a meu lado. Não conseguia andar. Arrastei-me para chegar à minha casa e beber água porque estava com uma sede terrível. No caminho encontrei os corpos nus de muitas jovens. Eles as haviam violado e assassinado"

Entre a violência, o desespero e a tristeza, nos perguntamos até hoje, a troco de quê foram provocadas tantas mortes? Essa pergunta foi feita pela sociedade norte-americana às suas autoridades, assim que estas imagens chegaram, trazendo consigo a frieza e crueldade do conflito; essa pergunta ecoa até os dias atuais e os Estados Unidos não foram capazes que apresentar uma resposta.

Tentamos encontrar a autoria das fotografias que utilizamos, no entanto não foi possível encontrar a de todas; Philip Jones Grissith foi quem fotografou a vietnamita com o filho nos braços enquanto um soldado a observa; Nick Ut é o autor da imagem de maior destaque quando o tema é a Guerra do Vietnã, a menina correndo após um bombardeio de napalm.

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